(Por Luiza Belloni)

Pela primeira vez um estudo associou alimentos saudáveis a um menor impacto no meio ambiente. O artigo, publicado nesta semana na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)comprovou o que órgãos e ativistas ambientais já falavam: alimentos que fazem bem à saúde também fazem bem ao meio ambiente. E algumas mudanças na dieta podem trazer impactos positivos ao corpo e ao planeta.  

Os cientistas da Universidade de Minnesota e da Universidade de Oxford fizeram uma profunda comparação entre a dieta humana e a saúde ambiental. De acordo com eles, aumentar simplesmente o consumo de comidas consideradas saudáveis e in natura, como cereais integrais, nozes e vegetais, ajuda a diminuir o risco de diabetes, doenças cardíacas, obesidade e outras doenças que podem levar à morte precoce. Além disso, o impacto desses alimentos no meio ambiente, como a liberação de gases do efeito estufa, é considerado pequeno em comparação à produção de outros alimentos.

Por outro lado, pesquisadores associaram o consumo de carne vermelha e carne processada ao aumento do risco de doenças crônicas e morte precoce. Vale ressaltar que a produção de carne é uma das principais causadoras do aumento da temperatura da terra, uma vez que a produção destes alimentos gera gases do efeito estufa, impacta no desmatamento e ainda usa quantidades insustentáveis de água. 

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“Os alimentos que compõem nossa dieta têm um enorme efeito tanto em nossa saúde quanto na saúde do planeta. Este estudo mostra que comer de forma saudável também significa comer de forma sustentável”, disse, em nota David Tilman, professor de ecologia na Universidade de Minnesota. “Normalmente, se o produto alimentar é bom para a saúde de uma pessoa, é provável que ele seja saudável para outros também. O mesmo acontece com o meio ambiente.”

Os pesquisadores ainda comprovaram que um alimento capaz de melhorar um indicador de saúde, como o diabetes, também pode ter um efeito positivo em outros aspectos ligados à saúde. E isso se aplica também ao meio ambiente: comidas que têm baixo impacto em um dos indicadores de meio ambiente, como emissão de gases do efeito estufa, provavelmente terá efeitos positivos em outros indicadores ambientais. 

Este não é primeiro estudo sobre o tema, mas o que o torna especial é que ele é o primeiro a considerar o impacto da dieta na saúde e no meio ambiente em conjunto, e não de forma isolada. 

A pesquisa também vai ao encontro de recomendações das Nações Unidas e de outros órgãos que chamam atenção sobre os impactos das cadeias produtivas de alimentos. Em agosto deste ano, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente recomendou uma dieta baseada em plantas como uma estratégia efetiva para frear o aquecimento global. 

“O estudo mostra que trocar a carne vermelha por opções vegetais e nutritivas pode ser ótimo para melhorar a saúde e o meio ambiente”, observou Jasim Hill, professor da área de Alimentação, Agricultura e Recursos Naturais da Universidade de Minnesota. E finalizou:

“É importante que todos nós repensemos os impactos das comidas que consumimos. Agora nós sabemos que priorizar nossa nutrição também vai pagar o que devemos ao planeta.”

Fonte: HuffPost Brasil