O Buda era procurado constantemente por pessoas proeminentes, ministros e reis, todos buscando acessar formas de sabedoria que pudessem garantir seu sucesso, continuidade e expansão em meio ao mundo.

Assim se deu com o rei Ajatasattu do reino de Magadha que havia decidido invadir e destruir o reino vizinho onde viviam os Vajjis, justo pelo progresso constante e pela força que demonstravam. Ele então enviou seu ministro Vassakara para aconselhar-se com o Buda.

O Buda explicou que os Vajjis praticavam as sete recomendações que ele havia dado e assim seu reino estava destinado a se expandir e não a declinar:

  1. Os Vajjis se encontram frequentemente e conversam;
  2. Eles se encontram em harmonia, se despedem em harmonia e fazem suas tarefas em harmonia;
  3. Não ficam criando e desfazendo regras, mas seguem os princípios fundadores do reino;
  4. Respeitam, honram, apreciam os mais velhos e dão valor ao que ouvem deles,
  5. Não sequestram ou tomam pela força mulheres ou meninas para viverem com eles;
  6. Veneram, honram, respeitam, cuidam de seus templos, e fazem as oferendas aos deuses;
  7. Acolhem, protegem, abrigam os mestres de modo que muitos grandes seres iluminados se aproximam e vivem ali com conforto.

Ouvindo isso Vassakara concluiu que o rei Ajatasattu não conseguiria derrotar os Vajjis na guerra, ou pela diplomacia ou por semear divisões internas, agradeceu ao Buda e retirou-se.

O Buda então dirigiu-se a Ananda e explicou esses sete princípios na perspectiva do funcionamento da Sanga:

  1. Uma vez que os praticantes se encontrem frequentemente, tomem decisões em grupo, eles podem esperar a expansão e não o declínio;
  2. Uma vez que eles se encontrem em harmonia, se despeçam em harmonia, façam suas tarefas em harmonia, eles podem esperar a expansão e não o declínio;
  3. Uma vez que os praticantes não fiquem criando novos decretos e regras e desfazendo as anteriores, mas sigam as regras de conduta que já estejam estabelecidas, eles podem esperar a expansão e não o declínio;
  4. Uma vez que os praticantes honrem, respeitem, estimem os professores experientes – os que estão a longo tempo ativos, os que foram longe, os pais e mães líderes da Sanga – e vejam o valor de ouvi-los, podem esperar a expansão e não o declínio;
  5. Desde que os praticantes não caiam sob a aspiração por vidas futuras, podem esperar expansão e não declínio;
  6. Uma vez que os praticantes tenham o cuidado de viver no ambiente aberto da natureza, podem esperar expansão e não declínio;
  7. Uma vez que os praticantes individualmente estabeleçam-se na lucidez, de tal forma que companheiros de bom coração possam se aproximar, e aqueles que se aproximem possam viver confortavelmente, podem esperar crescer e não declinar;

O Buda então concluiu, uma vez que estes sete princípios que evitam o declínio possam perdurar entre os praticantes, e desde que os praticantes reconhecidamente sigam esses princípios, eles podem esperar o crescimento e não o declínio.


Fonte: Texto extraído e adaptado dos Discursos Longos do Buda – Digha Nikaya 16

Uma resposta

  1. Lama, muito bem aventuradas as palavras do Buda. Respeitosamente tenho uma dúvida que aspiro seja respondida pelo senhor. E quando um mestre, um professor, exorbita de suas prerrogativas, ou um líder faz o mesmo e constrange um discípulo ou muitos na frente de todos, exibindo sua autoridade para definir novas orientações e censura a temas que aquele determinado grupo até então nunca havia sentido a necessidade de ter ? Ao ponto de membros do grupo sentirem a necessidade de discutir sobre aquelas ações e sobre o autoritarismo implícito nelas? O que fazer?

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